Xadrez Dominical – Noite das Longas Facas

Caros leitores, na última semana, nos dias 30 de Junho e Primeiro e Dois de Julho, foi o aniversário de oitenta anos do episódio da Noite das Longas Facas, na Alemanha. Por quarenta e oito horas, entre oitenta e cinco e duzentos assassinato políticos foram cometidos, além de mais de mil prisões. Os assassinados eram inimigos do Partido Nazista, ou facções internas dentro do Partido, que eram vistas como ameaças por Adolf Hitler. O episódio é fundamental na compreensão da trajetória nazista, e muito debatido na História. Por conta da série de textos que objetiva debater a ascensão e as características do nazismo, não podia deixar a data passar. Vamos então ao Xadrez Dominical sobre a Noite das Longas Facas, embora a menção do post de hoje seja diferente.
Aviso: O tema político aqui tratado é delicado, então, aproveitem as referências com cuidado e com senso crítico. Nada aqui é apologia ou apoio ao regime, pelo contrário.

Adolf Hitler seguido por Ernst Röhm, líder da Sturmabteilung (SA), conhecidos como camisas marrons, e visto por Hitler como seu rival pelo poder.
A primeira dica é o conhecidíssimo filme de propaganda Triunfo da Vontade, da cineasta alemã Leni Riefenstahl. A cineasta entrou para a História de forma ambígua; por um lado, revolucionou a estética da filmagem, por outro, carregou o estigma de ser “a cineasta de Hitler”. Os principais filmes de propaganda do regime nazista foram de sua autoria. Triunfo da Vontade retrata o congresso do Partido Nazista em Nuremberg, em 1934. É interessante pois todas as personalidades nazistas mortas na Noite das Longas Facas são tratadas como se inexistentes, como Ernst Röhm, líder das SA e o principal rival executado. Para contraste, existe o raríssimo vídeo, feito com a única cópia sobrevivente, do Vitória da Fé, feito no congresso de 1933, que conta com todas as personalidades nazistas eliminadas. Hitler ordenou a destruição de todas as cópias do filme, mas uma sobreviveu na Inglaterra.
Na íntegra, com legendas em inglês
A segunda dica é um livro. A Noite das Longas Facas, do polêmico escritor britânico Nikolai Tolstoy, foi lançado no Brasil pela Editora Rennes, em sua muito conhecida série de livros sobre a Segunda Guerra Mundial, publicada originalmente na Inglaterra pela editora Ballantine’s. O livro pode ser adquirido em sebos e, ocasionalmente, diretamente com a editora.
A terceira dica é um documentário. Um documentário simples, da UKTV, cujo maior mérito é contar com muitas imagens de época. A série Hitler’s Bodyguards fala das Waffen-SS, e um dos episódios da série trata justamente da Noite das Longas Facas. O link abaixo contém o documentário na íntegra e no idioma original; entretanto, uma pesquisa no Google permite encontrar legendas para o leitor que precisar. Não encontrei um link com legendas embutidas.
A quarta dica é um filme. Os Deuses Malditos, de 1969, dirigido pelo italiano Luchino Visconti e com Dirk Bogarde e Ingrid Thulin, uma das musas de Ingmar Bergman, patrono involuntário desse blog. Foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original e é um filme não recomendado para crianças; visualmente impactante e de compreensão difícil. Conta a história da ascensão e queda da família de um junker, um industrial alemão. A Noite das Longas Facas é encenada de forma simbólica, com características, digamos, sexuais. Um bom filme, mas que não foi feito para o grande público.
A quinta e última dica é um livro. O Terceiro Reich no Poder, de Richard Evans, é um livro recente, mas que já se tornou essencial para a compreensão do período; esse, especificamente, trata dos anos de 1934 até 1939. A trilogia de Evans consiste também de A Chegada do Terceiro Reich, que trata dos eventos até 1933, e O Terceiro Reich em Guerra, de 1939 até 1945. Os três livros são grandes, não são leituras rápidas, mas muito completos, e servem de base para os textos aqui presentes sobre o tema. A trilogia é editada no Brasil pela Planeta do Brasil
E a menção do post de hoje? Outro aniversário dessa semana, dia Cinco de Julho, foi o de dez anos da primeira eleição direta na Indonésia, um país marcado pelo autoritarismo e que já foi debatido, indiretamente, aqui, quando falei do Timor-Leste. Os governos ditatoriais da Indonésia foram alguns dos mais brutais da segunda metade do século XX. O documentário The Act of Killing (O Ato de Matar), de 2012, mostra, de forma chocante, alguns dos líderes dos esquadrões da morte indonésios, que contam, prosaicamente, como matavam e torturavam, e mantém até hoje status de estrelas em algumas comunidades. Também não é recomendado para crianças.
Gostaram, não gostaram, mais dicas? Comentem a vontade!
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