Notícias e a Rússia suspensa do G7: castigo?

Caros leitores, antes do texto, dois avisos. Assim como o de ontem, este texto de hoje é curto, leitura rápida!

Segundo aviso: criei uma nova categoria, chamada Especial: Crise na Crimeia; agora o acesso fica mais fácil para o leitor e você pode ler tudo que já foi publicado sobre o tema, desde protestos ucranianos até o presente momento da crise.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou ontem, dia 24 de Março, que a reunião do G8 não ocorrerá na cidade russa de Socchi (a mesma que sediou as últimas Olimpíadas de Inverno), como estava previsto, como consequência das ações russas na Ucrânia. A Rússia também foi suspensa do grupo em caráter indefinido, o que foi anunciado em comunicado conjunto emitido pela Casa Branca. A Rússia era presidente do grupo, que reúne ainda Estados Unidos, Itália, Japão, Canadá, Alemanha e França. O que isso significa?

Líderes do G7 em reunião informal. Foto: Twitter do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha

Líderes do G7 em reunião informal. Foto: Twitter do Ministério de Relações Exteriores da Alemanha

Para responder isso, temos que primeiro perguntar: o que significa atualmente o G7+Rússia? Sim, pois a nomenclatura G8 sempre foi debatida, já que a presença russa era mais por razões geopolíticas, como suas reservas energéticas, do que por uma sintonia econômica com os outros integrantes do grupo que remonta aos anos 1970. A falta de representatividade do grupo no século XXI ficou evidente nos últimos anos, o que tentou ser remendado com o chamado G8+5, incluindo as cinco principais economias ditas emergentes, incluso o Brasil. Convenhamos, um grupo que se propõe a ser um fórum das maiores economias mundiais não incluir a China era, no mínimo, motivo para questionamentos.

O argumento contrário faz sentido: de que nações com grandes economias ou altos índices de produção, como China, Índia e Brasil, são diferentes de nações ricas, e o G7 é o único dos atuais diversos fóruns econômicos cujos integrantes são, sem exceção, países de alto IDH. Isso demonstra a finalidade concreta, ao menos nos últimos anos, do G7: ser um mecanismo de diálogo informal (não há institucionalização) para economias em estágio similar umas às outras, buscando vantagens mútuas e um diálogo para interesses comuns.

Em outras palavras, o G7 reúne um grande pedaço da economia mundial, de fato, mas no mesmo patamar entre si e sem representatividade global. Seus integrantes, além do Japão, são da Europa Ocidental ou América do Norte e compartilham diversos outros fóruns. A tentativa de “expansão” do grupo foi tardia e fraca, já que as nações +5 eram “convidadas”. O papel de principal fórum econômico mundial foi tomado pelo G20, que nasceu já na virada do milênio, em 1999, muito mais preparado para refletir o novo cenário econômico chamado de “globalizado”.

No G20 estão, de forma permanente, além dos países do G8, economias da América do Sul (Brasil e Argentina), África (África do Sul), Oriente Médio e Eurásia (Turquia e Arábia Saudita), Ásia (China, Índia e Coréia do Sul) e Oceania (Indonésia e Austrália), além do México e da representação da União Europeia como bloco (os “vinte” são dezenove países e a UE). Um grupo muito mais representativo e capaz de reorganizar ou debater a economia mundial. E, claro, ainda se trata de um grupo arbitrário e seleto; podemos citar o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio e o Fundo Monetário Internacional como organizações econômicas de representatividade global.

No caso específico da Rússia, ainda cabe destacar o BRICS, grupo que reúne Brasil, Índia, China e África do Sul. Por exemplo, na última reunião do G20, houve um encontro, mesmo que informal, dos líderes do BRICS que foi de encontro justamente aos temas que conflitam diretamente com o G7; eu mencionei o assunto brevemente aqui, mas é mais produtivo para o leitor, caso queira, que vá direto ao portal do Ministério de Relações Exteriores e veja a nota. O próprio governo russo, por meio de sua agência de notícias (não custa lembrar que o Russia Today é estatal, ou seja, deve ser analisado com essa ótica), frisou a importância dos parceiros do BRICS, em resposta às, até agora fracas, sanções.

A conclusão é de que, novamente, uma suposta sanção dos países ocidentais não incomodou o governo de Moscou. A “suspensão indefinida” da Rússia do G7, sendo que Putin nem havia comparecido no último encontro, não traz grandes problemas para o governo russo. Tal punição na verdade tem outro efeito. Explicitar que, desde o crescimento de outras economias nacionais e a diversificação da economia global, o G7 é um fórum voltado para dentro, não mais uma “locomotiva” econômica. Apenas um grupo de países com os mesmos interesses e em estágios similares. Tal como o BRICS. No caso russo, seu interesse e sua sintonia é com o segundo grupo.

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Três notícias interessantes ou dignas de nota, que certamente serão retomadas por aqui.

No texto de ontem, sobre a Frota do Mar Negro, comentei que o comando militar ucraniano criticava o atual governo pela falta de ordens. Pois bem, a ordem foi dada: retirada.

A ex-Primeira-Ministra ucraniana, Yulia Tymoshenko, teve divulgada uma conversa telefônica em que ela supostamente afirma que os russos na Ucrânia deveriam ser mortos com armas nucleares. Ela admitiu a ligação, mas afirmou que é uma “edição”. De alguma forma, ela quer matar alguém com armas nucleares.

Finalmente, digno de nota que Sergey Lavrov, chanceler russo, se encontrou pela primeira vez com seu equivalente do atual governo ucraniano (embora não seja reconhecido como tal pela Rússia), Andrey Deshchitsa.

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