Xadrez Dominical – Notas sobre Gaza

No Xadrez Dominical de hoje, uma dica sobre o Massacre de Khan Yunis, que completou sessenta anos nessa semana. No vilarejo localizado na Faixa de Gaza, tropas israelenses mataram entre duzentos e quatrocentos palestinos durante a Crise do Suez, em 1956. Uma boa referência e acessível para vários públicos, dado seu formato, são os quadrinhos de Joe Sacco, com o massacre aparecendo na obra Notas sobre Gaza.
Caso o leitor queira ainda mais dicas sobre a relação entre Israel e Palestina, tem um post aqui no site sobre isso
Gostaram, não gostaram, mais dicas? Comentem a vontade!
Como sempre, comentários são bem vindos. Leitor, não esqueça de visitar o canal do XadrezVerbal no Youtube e se inscrever.
Caso tenha gostado, que tal compartilhar o link ou seguir o blog?
Acompanhe o blog no Twitter ou assine as atualizações por email do blog, na barra lateral direita (sem spam!)
E veja esse importante aviso sobre as redes sociais.
Caros leitores, a participação de vocês é muito importante na nova empreitada: Xadrez Verbal Cursos, deem uma olhada na página.
Não gostei. O Trabalho de Sacco é um grande exagero. Mesmo que nunca houve nenhuma prova de nenhum massacre (lista de nomes de mortos ou provas arqueológicas), o autor usa maneiras sutis de manipular o leitor para fazer o lado violento palestino parecer mais vitimado e os israelenses mais ameaçadores. Não deixa claro que Gaza estava sob ocupação ilegal Egípcia e que a luta dos Fedayeen não era pela válida construção de um Estado Palestino, mas sim pela inaceitável destruição do Estado de Israel. Além disso, tenta passar para o leitor uma ideia desonesta de que, sem nenhuma explicação, o Exército de Defesa de Israel resolveu fazer um suposto massacre, ignorando a violência ininterrupta cometida pelos grupos paramilitares de Gaza sob investimentos egípcios.
Not bad.
Já eu adorei a citação. Como temos poucos relatos sobre o lado palestino da “confusão”, acho sim o trabalho de Sacco muito relevante, vide os livros dele sobre a Guerra da Bósnia. Ah, claro, pode incomodar alguns que acreditam que os atos israelenses são TODOS justificados e como último recurso sempre utilizam a palavra “antissemita” para terminar a discussão, mas ai é outra história.
Sou fã do trabalho do cara e obviamente ele escolheu um lado. Mesmo estando certo ou errado é o lado fraco da história, que perde gente – com ou sem razão – para uma guerra sectária e violenta onde quem sempre se ferra é a população civil. E mais ainda por dar voz a um povo a quem pouco é dada oportunidade de relatar o que vive.
Dito isso, até.
Carlos, você mordeu totalmente a isca. É preciso contextualizar o ano de 1956.
Enquanto o Estreito de Tiran era bloqueado pelos egípcios, que também ocupavam Gaza (da mesma forma ilegal que Israel cupa a Cisjordânia hoje em dia), desde 1949 os fedayeen recebiam toda autonomia para cruzar a fronteira e assassinar israelenses (judeus ou não). Israel não tinha apenas o direito de se defender, tinha a obrigação. Esse suposto massacre é contestado por vários estudiosos palestinos e israelenses por alegar sem nenhum pretexto que não houve um combate contra centenas de fedayeen, havendo mortos e feridos dos dois lados. Sacco é irresponsável porque narra uma ficção e vende como se fosse um doc jornalistico/histórico sem nenhuma referencia documental ou arqueológica.
Com certeza tem quem acredite que os atos israelenses são todos justificados. Eu particularmente não concordo. Agora, espero que não, mas se utilizam a palavra “antissemita” contigo, cabe uma reflexão. Afinal, se você está cansado de ouvir falar isso, imagine quem lida com isso todos os dias. Talvez não caiba ao agressor definir o que é e o que não é antissemitismo, racismo, machismo, ou qualquer outro preconceito.
Abs
Não teve isca aqui para morder, amigo. No meu caso – e repito, eu sou um fã de Joe Sacco, mas principalmente por conta da HQ Área De Segurança: Gorazde -, estou basicamente em um processo de tentar ouvir o lado mais fraco. Certamente todo o processo de ocupação/retomada/êxodo/volta para casa da região da Palestina e Israel é mais complicada do que acusação de um lado ou outro de quem está certo ou está errado. Mas tu há de convir comigo que a diferença de forças, ou de contra-respostas, é simplesmente gritante, para mão dizer criminosa. E não estou dizendo que ela não deva existir, já que minha crítica é basicamente pelo fato de essa tal “reação”, a violenta, ser a única opção, ao que parece.
Na minha modestíssima opinião de brasileiro sem nenhum vínculo genealógico com judeus e árabes, o que vejo apenas é a escalada de violência onde nitidamente uma força é infinitamente maior que a outra, e mesmo assim escolhe a violência em vez do diálogo. Claro que estou simplificando e obviamente o processo todo é mais complicado e as forças envolvidas não são só staffs governamentais. Mas é como vejo, sem Joe Sacco nessa “avaliação”. Dito isso temos um muro, temos videiras históricas sendo destruídas e tirando o sustento de quem quer que seja e que, obviamente por conta da situação, não tem para onde correr. Temos os assentamentos, temos tanta coisa. Sei lá.
Por fim o lance do antissemita. Imagino que o fato de eu ser um crítico da política israelense em relação aos palestinos não me transforme em um. Mesmo porque antissemita não seria uma pessoa contrária a Árabes e Judeus? Do meu ponto de vista sou um crítico contra a injustiça ou, sei lá, contra a covardia de um f-16 ser usado contra pessoas com estilingues e/ou hks velhas. Mas isso sou eu. Da mesma forma que sou crítico de uma Arabia Saudita que apóia deliberadamente terrorismos pelo mundo afora enquanto tem aval da toda poderosa Águia do Norte. Ou da China e suas gritantes políticas contra direitos humanos e suas fábricas crivadas de crianças produzindo Iphone. Não tenho nada contra uma “raça”. Sou filho de índios, italianos, poloneses e bugres. Na realidade eu sou totalmente contrário a essa maldita filosofia humana de separar pessoas em raças e credos e por conta disso produzir só guerra, fome e miséria.
Dito isso, ufa, espero ter sido um pouco claro. Eu li “Palestina” de Joe Sacco . É “uma versão” dos acontecimentos do que ocorreu e ocorre na região. Pode não ser perfeita, como você mesmo diz, mas é uma versão, e do lado mais fraco, não concorda? Mas você também tem razão em apontar que preciso procurar mais informação em outras fontes, provavelmente mais isentas, para fazer uma real avaliação do que ocorre. Dica boa e dica aceita.
Abs.
Valeu, Carlos! Só gostaria apontar uma coisa sobre antissemitismo. Essa palavra foi criada no século XIX, em uma Alemanha onde se estudava essa “coisa” de raças. William Marr ficou famoso por concretizar o termo em um dos trabalhos que mais inspiraram Hitler chamado “A vitória da judaísmo sobre o germanismo”. A ideia era dizer que os judeus, que já viviam na Europa há 18 séculos, seriam menos europeus que os arianos, na vdd que não eram sequer europeus. Semita é um grupo linguístico que prevalece do Marrocos ao Irã, passando pela Etiópia. Pessoas não são semitas, povos não são semitas, mas sim idiomas. Agora, antissemita qualquer um pode ser.
Abraço e obrigado pelo diálogo!