Duas características preocupantes do Movimento de 15 de Março de 2015

– Por Antonio Cesar Dominguez
Duas características do movimento do dia 15 de março de 2015 são preocupantes: o uso de uniformes da seleção brasileira e o discurso “anticorrupção”. A primeira denota a apropriação de símbolos nacionais. Quando uma parte da sociedade, seja minoritária, seja majoritária, toma para si emblemas que representam a totalidade da nação, está-se, voluntariamente ou não, monopolizando-os – somente essa parcela é dignitária de usá-los – e excluindo o restante, mesmo que de maneira simbólica. Soma-se a isso o discurso “anticorrupção”, essencialmente demagogo, como aqueles em defesa da liberdade ou contra a violência, tantas vezes usados na História para fins de manipulação da opinião pública. Nesse contexto, essas duas características, caso se consolidem, podem ensejar extremismos e fanatismos por meio da manipulação da indignação da opinião pública, afeita a diagnósticos simplistas e a mantras de ordem e de disciplina. Como esses movimentos ainda não se consolidaram, urge alertar a opinião pública para essas características temerárias, tentar mostrar as contradições, as incoerências, a quem elas servem.
Umas das características mais preocupantes do movimento do dia 15 é o uso de símbolos nacionais, mais especificamente, uniformes verde-amarelos. Isso pode produzir efeitos potencialmente perigosos, a saber, o nacionalismo, a exclusão do outro e a desindividualização. O primeiro e o segundo são correlatos e seu efeito ocorre por meio do apoderamento de ícones nacionais. Tenta-se classificar o grupo em questão, mesmo que inconscientemente, como dignitário da nação, em contraposição aos outros. Trata-se, portanto, de tentativa não somente de diferenciar-se, mas também de colocar-se acima do restante, de dizer “nós somos os verdadeiros representantes da pátria, vocês, não.” Apropriar-se de símbolos nacionais é excluir as outras parcelas da sociedade que não compartilham os mesmos posicionamentos e, ato contínuo, destituí-las de legitimidade política, insinuando que não são “patriotas”. Configura-se verdadeira expropriação. Não por acaso, os fascistas na Itália apoderaram-se do fascio do Império Romano. Os alemães, por sua vez, no pós-guerra, deixaram de usar ostensivamente seus símbolos nacionais, em decorrência das atrocidades cometidas com base no nacionalismo alemão. Em relação à desinvidualização, ela ocorre na massificação do indivíduo, imerso de tal forma em dado grupo, que a identidade grupal sobrepuja a individual. Conforme estudos de psicologia, muitos deles citados por David McRaney em How To Be Less Dumb: How to conquer mob mentality (“Como ser menos burro: como conquistar a mentalidade de manada”), na presença do anonimato – facilitado pelo uso de uniformes – e de um grupo grande de indivíduos – arregimentados por meio de um discurso com o qual muitos podem identificar-se –, para que a mentalidade de manada/rebanho (mob/hive mentality) se apodere dos integrantes e torne suas ações e atitudes irracionais e imprevisíveis, basta apenas um fator de excitação, como canções (de hinos nacionais), gritos de ordem (“Fora corruptos!) ou discursos inflamados. Casos de pessoas vestidas com roupas vermelhas de qualquer espécie agredidas durante essa e outras manifestações caracterizadas pelo uso ostensivo de uniformes verde-amarelo estão aumentando, o que demonstra sinais de exclusão e de mentalidade de manada. Nesse contexto, insere-se o discurso “anticorrupção”, de cunho arregimentador.
Discursos como o contra a corrupção foram usados, reiteradamente, na História, para arregimentar multidões e manipular suas opiniões, uma vez que são truísmos vagos, de fácil aceitação pela grande maioria dos cidadãos médios. Esses termos facilitam em muito a constituição de consensos, pois são abstratos e, portanto, maleáveis, podendo ser inseridos em qualquer contexto e usados contra os mais diversos alvos. Muitos analistas mencionam as contradições patentes nos discursos usados pelo Movimento de 15 de março, mas isso é consequência do teor vago e demagogo daqueles. Não há partidos, grupos, clubes a favor da corrupção, tampouco contra a liberdade ou a favor da escravidão. Assim sendo, não é mera coincidência que esses discursos apareçam em momentos de crise socioeconômica e institucional. Eles têm um propósito específico: arregimentar e aumentar os grupos de oposição e manobrá-los com fins de tomada de poder. Ele é, portanto, discurso farsesco, ainda mais por ter alvos seletivos. Dependendo do partido ou político, há somente agravantes ou somente atenuantes. Sem essas contradições, incoerências, o discurso não funciona, muito menos numa sociedade fundada no patrimonialismo, em que a corrupção é difusa. Conclui-se que se presta a legitimar medidas de exceção institucional, como ocorreu às vésperas do golpe de 1964, fundamentado numa vaga e abstrata “ameaça comunista” e num “mar de lama”, e para a tomada do poder. Sartre em sua peça de teatro Huis Clos cunhou o termo “O Inferno são os outros”; no 15 de março implícito subjazia “A corrupção são os outros”.
O Movimento de 15 de março, aceitando ou rejeitando suas pautas, é muito importante para expandir a pluralidade de opinião e para difundir a cultura política na sociedade brasileira. No entanto, caso não se atente às características aqui analisadas, os desdobramentos podem desestabilizar ainda mais o quadro político e aprofundar sectarismos em uma sociedade secularmente muito desigual. Sejam os autointitulados líderes da manifestação, sejam outros grupos que surjam, o movimento deveria reavaliar o uso de uniformes verde-amarelos. Cada cidadão, ao aparecer vestido como de costume aos domingos – mas, se possível, sem muita ostentação – estaria diluindo o sentimento de exclusão dos outros grupos, atrairia mais pessoas que não se sentem confortáveis vestindo uma espécie de uniforme e ajudaria no preenchimento do fosso político-ideológico que se está formando entre dois polos da sociedade. Em relação à bandeira “anticorrupção”, pautas como a Reforma Política – a favor do voto distrital ou da lista fechada, a favor ou contra o financiamento privado de campanhas etc. – seriam muito mais legítimas e menos demagogas, na medida em que propõem medidas, primeiro, factíveis e, segundo, de real impacto na diminuição da corrupção. Em vez de se estar atacando um ou outro partido, munindo um ou outro partido para que tire proveito político da situação, estar-se-ia pressionando nossos representantes a mudarem sua conduta e a mudarem as regras de um jogo político com problemas congênitos. A indignação e os ataques seletivos contra o PT, por exemplo, vem fortalecendo, em um primeiro momento, o PMDB e seus caciques, Renan Calheiros e Eduardo Cunha, que, investigados pela Operação Lava-Jato, conseguem sair dos holofotes, ao mesmo tempo que obtêm maior poder de barganha para pressionar o Executivo. Não para fazer as reformas necessárias, mas para aprovar leis que, não raro, perpetuam a jogatina política e os políticos adeptos dela.
Antonio Cesar Dominguez é aspirante a diplomata, freelancer de revisão, tradução e do que puder financiar seus estudos. Textos de Antonio Cesar Dominguez.
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Discordo praticamente de tudo que foi escrito.
As cores do protesto demonstram a ideologia do grupo que protesta. Black Blocs usam preto, grupos de esquerda usam o vermelho. E se formam uma manifestação em grupo, obviamente passam a compor um bloco, unido momentaneamente um corpo só, e as pessoas abrem mão de sua individualidade para agir em grupo. Isso acontece em qualquer manifestação, com qualquer coloração, assim como em torcidas de eventos esportivos, auditórios de shows, espetáculos, cinema, etc. É o princípio básico de qualquer aglomeração de pessoas.
Criticar um grupo porque usa as cores nacionais é, no mínimo, estranho, pois o grupo apenas demonstra apreço pelos símbolos nacionais. Quem se sentiria excluído por isso? Talvez quem não goste das cores nacionais ou não concorde com o sentido de amor ao país em que vive… Seria mais lógico criticar grupos que contrariam essas cores e usam cores que, teoricamente, demonstrem repúdio aos símbolos nacionais. Ainda assim seria uma crítica vazia, pois na democracia as pessoas podem expressar livremente suas ideologias, desde que dentro dos princípios da legalidade e moralidade.
Grande abraço
Eduardo, muito boas considerações. Que bom que o primeiro comentário tenha vindo de pessoa assim cordata, mas acho que eu me expressei mal. Primeiro, não quis criticar o grupo. Analisei características específicas potencialmente perigosas. Como disse no início do último parágrafo “O Movimento de 15 de março, aceitando ou rejeitando suas pautas, é muito importante para expandir a pluralidade de opinião e para difundir a cultura política na sociedade brasileira.” Com base em exemplos históricos e estudos de psicologia, disse que é preocupante a uniformização de grandes grupos, ainda mais quando fazem uso de símbolos nacionais, pois estes pertencem a todos os cidadãos da nação, não apenas àqueles que se manifestaram nos dias 15 de março e 12 de abril. Essa é a grande razão de outros grupos, quando fazem manifestações públicas, não usarem e não pedirem que usem símbolos nacionais. Em relação ao que você disse “Isso acontece em qualquer manifestação, com qualquer coloração, assim como em torcidas de eventos esportivos, auditórios de shows, espetáculos, cinema, etc. É o princípio básico de qualquer aglomeração de pessoas.”, em auditórios de show, espetáculos, cinema etc., as pessoas não vão, em geral, a esses lugares uniformizadas. No caso dos eventos esportivos, eles são exemplo que corrobora a minha tese, na medida em que é no seio deles, entre torcidas opostas e até mesmo entre torcidas do mesmo time mas de organizações diferentes, que ocorreram e ocorrem casos de violência extrema, verdadeiras atrocidades. Eu me baseei em estudos científicos, cujo o link para um deles está no meu texto. Recomendo que você o leia. Caso seu inglês esteja enferrujado, dê uma procurada no Google sobre “psicologia das multidões”. Ademais, o fato de uma característica ser princípio básico de aglomerações (mesmo que no caso não seja de todas as aglomerações) não significa que seja benéfica, que não seja preocupante. Aliás, no movimento de 2013, não houve uniformização das massas. Todos eram bem-vindos (exceto os movimentos mais extremistas e oportunistas). Não foi pedido que os manifestantes fossem com símbolos nacionais, como a camiseta da seleção ou de verde-amarelo, Cada um foi como bem entendeu e, talvez por isso, tenha tido tanta adesão. No que concerne a “Criticar um grupo porque usa as cores nacionais é, no mínimo, estranho, pois o grupo apenas demonstra apreço pelos símbolos nacionais”, eu não critiquei mas apontei o fato, uma vez que eles não estavam representando toda a nação, mas sim os próprios interesses, pois era político-partidário (foi chancelado, apoiado e arregimentado também por partidos políticos, como o PSDB e o DEM) e a indignação era seletiva. Aliás, usar símbolos nacionais não faz de ninguém patriota. Existe uma diferença entre ser nacionalista e ser patriota. Acho que aqui você concordará comigo. Os que não participaram dessas manifestações sentiram-se, sim, excluídos quando, diante de uma turba de gente de verde-amarelo, iam ao cinema ou ao teatro, como eu mesmo me senti no metro de São Paulo. Foi, aliás, quando tive a ideia de escrever o texto em tela. Bom frisar que não participei de nenhuma da manifestações, por não querer aprofundar ainda mais o sentimento de “Fla-Flu”. Aqueles que estavam portando camisetas meramente vermelhas também se sentiram excluídos e foram até atacados, apesar de não fazerem parte de nenhum grupo de esquerda e de a camiseta não ter qualquer conotação política. Mesmo se tivesse, não justificaria, pois, como você muito bem disse, “na democracia as pessoas podem expressar livremente suas ideologias, desde que dentro dos princípios da legalidade e moralidade.” Mais uma vez, muito obrigado por suas considerações. Quero que discordem de mim, que me tirem da minha zona de conforto, e você o fez muito bem e de forma muito civilizada, algo cada vez mais raro no Internet.
Antonio, permita-me discordar.
Estudei o comportamento das massas desde há muito tempo, até mesmo por minha formação profissional, e o citado comportamento é comum a todas. O fato de vestirem roupas iguais, no caso dessa citada manifestação em amarelo, nas manifestações de esquerda em vermelho, nos Black Blocs em preto, nas torcidas de eventos esportivos nas cores de seus times somente confirma a regra.
Nos shows, por exemplo, as massas se comportam e se vestem de maneira similar, se for um show sertanejo serão as roupas estilo “cowboy”, se for um show de rock serão as camisetas pretas, cabelos compridos, se for música Punk os cabelos moicanos e correntes, se for um concerto de música clássica será o Black Tie.
Se alguém não estiver trajado conforme a massa ou não agir ou falar como aqueles componentes certamente se sentirá deslocado ou até mesmo constrangido se por acaso se vir entre essa massa.
Nessas condições as pessoas que fazem parte da massa agem e se comportam de maneira diferente de seu comportamento individual, os estudos indicam isso, o que não quer dizer que seja necessariamente uma coisa ruim ou boa, é apenas o comportamento normal do ser humano inserido em uma massa.
O fato das manifestações de 2013 não terem o uso massivo de roupas amarelas não a faz diferente das demais manifestações, muito ao contrário. No auge das aglomerações houve foi o banimento de bandeiras partidárias, dentro do mesmo efeito da massificação do grupo, dessa vez não na presença de cores, mas sim na aversão a elas, e vimos vários casos de pessoas tentando levar bandeiras de alguns partidos e grupos políticos sendo execradas até com violência das ruas. Foi exatamente o mesmo fenômeno, algumas pessoas, sem identidade com a maioria do grupo, se sentindo excluídas.
Quanto à definição de que para usar as cores nacionais dever-se-ia “representar toda a nação”, ou classificar essa manifestação como “político-partidária”, perdoe-me, mas acho tal análise um tanto quanto rasa.
Se havia perto de 300 mil pessoas na citada manifestação poderíamos afirmar que todos foram “arregimentados”
pelo PSDB ou pelo DEM? Se isso é verdade, por que motivo foram, em sua esmagadora maioria, à Paulista sem sequer um bottom, um adesivo, um pin ou qualquer indicativo desses partidos que os “arregimentaram”? Será que as duzentas e tantas mil pessoas não seriam dignas de usar as cores do Brasil, pois estavam ali representando esses dois partidos e, portanto, deveriam estar vestidos com suas cores e seus símbolos?
Com todo respeito, não encontrei em seu texto, ou mesmo nas notícias e imagens que envolveram essa manifestação, qualquer embasamento para tais conclusões.
Sobre os termos “patriota” e “nacionalista” (que por sinal são indicados em como sinônimos no dicionário, em um de seus significados), sequer citei qualquer dos dois em minhas considerações, apenas indiquei o “apreço pelos símbolos nacionais”. Pessoas podem gostar da nossa bandeira, um símbolo pode ter a significação própria a cada cidadão, por isso tive o cuidado e a delicadeza de não rotular essas pessoas que assim se vestiam.
Por fim, no meu entendimento, só se sente excluído quem deseja participar de um grupo e se sente impedido de fazê-lo. Uma criança que vê outras crianças jogando bola se sente excluído do jogo por não permitirem que ela jogue. Já uma senhora passa pela peleja e não se sente excluída, jamais quis chutar um balão de couro. Agora, se ela passa por um grupo de senhoras jogando bingo sem receber um convite, a coisa é bem diferente.
Portanto, para mim a questão de se sentir “excluído” fica menor nesse caso, é mais ou menos como o sujeito que curte Chitãozinho e Xororó e quer ir ao show deles, mas não acha correto usar uma calça rancheira, botas de vaqueiro e chapéu de cowboy, prefere ir com uma camiseta regata preta, pulseiras de couro com pontas de metal, calça de couro preta e jaqueta do Kiss. E reclama quando a multidão vaia a sua chegada, se sentindo excluído do grupo.
É claro que não estou falando de agressões e violência, essas são execráveis em qualquer grupo, seja em manifestações políticas, artísticas ou esportivas. O restante, para mim, é normalíssmo, apenas coisa de seres humanos.
Grande abraço.
Eduardo, desculpe-me da demora. Gostaria de continuar o debate, mas, ao ler seu texto, desisti. Numa tentativa desesperada de ter razão, você fabricou exemplos não observáveis na realidade, baseou suas análises em achismos, sem citar exemplos factuais, estudos ou fontes, além de ter se contradito (seu segundo texto contradiz o que você diz no primeiro). Para que seu texto fizesse algum sentido, você extrapolou o que quis das minhas palavras e até colocou outras ideais por mim não colocadas. Aliás, quando você, num debate de política, vai ao dicionário para definir termos, mostra certa ingenuidade e desconhecimento. De qualquer forma, obrigado pelo exercício.
Antonio, é triste um debate terminar assim, mas não há o que se fazer. Quem se baseia em “achismo” é aquele que indica o Google como fonte de consulta. Todos meus argumentos são baseados em fatos comprovados. Sinto muito se desmontei o cerne de seu artigo, mas os argumentos mostram a fragilidade de suas conclusões, simples assim. Quanto ao uso de palavras que não foram usadas nos comentários de outrem, releia os textos acima e tente localizar onde eu falei sobre “patriotismo” e “nacionalismo”, e entenderemos com clareza quem “extrapolou o que quis” nas palavras de alguém. Quanto ao uso do dicionário (um fator de pequena relevância no meu texto) , trata-se apenas uma pequena mostra do uso correto do vernáculo, achar que um debate “político” está acima do significado das palavras na língua pátria é, sim, sinal de extrema ingenuidade e lamentável desconhecimento. Grande abraço, continue no exercício de escrever e pratique a crítica, aliada à autocrítica. Melhor sorte na próxima vez.
Eduardo, descambou para o orgulho ferido e para apelação. Eu aprendi a falar “não sei”, “verdade, vou pensar sobre o assunto”, o que não me parece ser seu caso. Em nenhum momento desqualifiquei o movimento do dia 15, fiz apenas observações e analisei potencialidades perigosas. Citei livro (de estudos científicos), dei exemplos históricos consagrados e inseri links como fontes. Você, contudo, tomou como ataque (não sei por que) e tentou desqualificar meu texto. Na ausência de dados, fontes, estudos, autores que corroborassem sua visão dos “fatos”, você fabricou evidências anedóticas para fundamentar seus argumentos. Esse fenômeno já foi estudado pela psicologia cognitiva, chama-se “backfire effect”. Se você tivesse chegado próximo de “desmontar” o que você chamou de “cerne do artigo” (não é), eu teria ficado agradecido, pois teria sido um processo dialético (tese antítese: síntese): verdadeira troca de ideias. Debalde. Mais uma vez – e chamei outras pessoas para lerem seus textos para eu ter certeza de que não estava enlouquecendo – sua “contra-argumentação” é exclusivamente baseada em evidências anedóticas, repetidas prolixamente, e com base em ideias que não escrevi ou extrapoladas do que escrevi (“o que estaria por trás daquilo que escrevi”). Não há fontes, não há estudos, apenas evidências anedóticas (e fabricadas). Uma pena. Seja como for, não há como negar que você é extremamente inteligente. Fico lisonjeado pela sua atenção. Abraço,
Sobre Evidências Anedóticas e por que não são válidas: http://www.astropt.org/2011/06/15/evidencia-anedotica/
Antonio, me perdoe, mas se um artigo se intitula “DUAS CARACTERÍSTICAS preocupantes…”, e inicia dizendo que uma delas é o “uso de uniformes da seleção”, ele é, claramente, o argumento cerne do artigo, ou pelo menos 50% dele. A argumentação para tal “preocupação”, em resumo, é que essas pessoas estariam se “apropriando indevidamente” de símbolos nacionais, que estariam “excluindo quem agisse diferentemente de suas ideias”, e que pessoas (inclusive o autor) se sentiam excluídas da manifestação pelo uso desses trajes por esses manifestantes. Em outro ponto o autor aponta o partidarismo político da manifestantes (parte deles? maioria? grande parte? achismo? comprovações científicas? sabe-se lá). Esse é o resumo do que foi rebatido, apenas demonstrei faticamente que não houve nada senão um comportamento normal de seres humanos. Simples assim. Sobre o link que fala de evidências anedóticas, gostei do texto do veterinário, muito interessante, o Google é uma fonte maravilhosa de diversão e passeio pelas curiosidades humanas, mas o que eu expus foram exemplos práticos. Comportamentos de frequentadores de shows, espaços esportivos, crianças que se divertem em pelejas esportivas e senhoras que jogam bingo podem ser, nas palavras de alguns “exemplos não observáveis na realidade”, mais especificamente na SUA realidade, mas para as pessoas comuns, moradores dos bairros comuns de qualquer município brasileiro são facilmente observáveis. Sobre fontes, estudos, teses, antíteses, sínteses, isso se torna interessante quando as fontes citadas (o nazi-fascismo e noções de psicologia sobre o comportamento de massas) são utilizadas para embasar pseudo-cientificamente pontos que sequer foram comentados por mim, como por exemplo a afirmação de que pessoas “não vão a shows e espetáculos uniformizados” (basta frequentar qualquer show e verificar que as indumentárias seguem um certo padrão, como demonstrado nos exemplos da “evidência anedótica”) ou a afirmação de que o evento “ERA político-partidário”. Ora, nenhuma dessas afirmações (que foram rebatidas por mim) foram embasadas em estudos científicos, livros, autores, estatísticas comprovadas e sequer um link de pesquisa do Google. Por sinal não foram ilustradas sequer por um pequeno exemplo “não observável na realidade” que pudesse ser classificado como “evidência anedótica”. Nesse sentido as referências científicas apresentadas, que nada referiam ao assunto discutido, não me compeliram a sequer me interessar em buscar referencial científico para rebater tais argumentos, bastou-me citar fatos observáveis na realidade que tenho o prazer em atuar diuturnamente nos últimos 31 anos de serviço e estudos do comportamento humano individual e em grupo e nos trabalhos científicos sobre esse e diversos outros temas cujo acesso é minha rotina, desde meus estudos que incluíram meu mestrado e doutorado na área. Para finalizar uma resposta sobre “descambar para orgulho ferido e apelação”, termos que se encaixam perfeitamente na sua resposta que, ao invés de rebater os meus argumentos (coisa facílima, a princípio, em se tratando de simples exemplos irreais e evidências anedóticas) prefere classifica-los como “tentativa desesperada de ter razão”. Conclusão evidentemente científica e desprovida de interesse em demonstrar sua razão sem argumentos robustos. Com certeza isso encerra a discussão, grande abraço.
Quem é esse Eduardo Arruda do PMDB? Não seria Eduardo Cunha?
Eduardo Suplicy, José Eduardo Cardoso… Não importa. O fato é que na falta de argumentos resta isso aí em cima, tentativa infantil de desqualificar o outro. Lamentável.