Xadrez Dominical – 70 anos da rendição do Japão

Caros leitores, ontem, dia 15 de agosto, foram lembrados os setenta anos da rendição do Império do Japão, encerrando a Segunda Guerra Mundial. A rendição seria assinada no dia Dois de setembro de 1945, mas foi no dia 15 a conhecida transmissão do Imperador Hirohito, por rádio, pedindo que os soldados largassem as armas. A transmissão, conhecida como Gyokuon-hōsō, foi feita após os dois ataques atômicos realizados pelos EUA, a invasão da Manchúria pelo exército soviético e uma tentativa de golpe dos militares que recusavam a rendição. Para lembrar a data, cinco dicas de filmes que contam também com uma perspectiva japonesa dos eventos, no Xadrez Dominical de 70 anos da rendição do Japão.

A primeira dica conta a história do ataque à Pearl Harbor, inclusive a perspectiva japonesa. Tora! Tora! Tora!, um clássico dos filmes de guerra, é nomeado após o código de rádio para a realização do ataque. Com Sō Yamamura como o Alte. Yamamoto, a primeira versão da “parte japonesa” do roteiro foi feita pelo mestre Akira Kurosawa

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Sinopse do Interfilmes: Este épico clássico sobre Pearl Harbor, um dos filmes de ação mais espetaculares já produzidos, recria com extremos detalhe o terrível ataque dos japoneses contra os americanos. Indicado em cinco categorias do Oscar, “Tora! Tora! Tora!” (o comando japonês que significa “atacar”) é produção de uma equipe mista de cineastas americanos e japoneses que relata os dois lados da inesquecível história de Pearl Harbor com precisão impressionante e ritmo de ação explosivo.

A segunda dica é o mestre, Akira Kurosawa. É uma espécie de dica dupla. Kurosawa dirigiu um filme de propaganda de guerra, Ichiban utsukushiku, um de seus primeiros filmes. O filme foi lançado no Brasil em DVD, como A Mais Bela, em um box dos primeiros filmes de Kurosawa. Ou seja, é um filme de difícil disponibilidade, mas fica a menção. Um dos clássicos do diretor, entretanto, trata de guerra, rendição e a maldição nuclear: Sonhos, de 1990. Um filme carregado de simbolismo, é considerado uma das principais obras de um dos maiores diretores de todos os tempos.

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Sinopse do Interfilmes: Grande mestre do cinema japonês, Akira Kurosawa (vencedor do Oscar® Honorário pelo conjunto de sua obra em 1990) foi mais que um cineasta. Influência assumida para alguns dos diretores de maior sucesso em Hollywood, como Steven Spielberg, Martin Scorsese e Francis Ford Coppola, a obra de Kurosawa, inspiração para George Lucas criar a saga Guerra nas Estrelas, era pura arte. Pintura, literatura, música, teatro. Poucos tinham seu talento para combinar as diferentes formas de expressão artística. Mais do que histórias, Sonhos é um desfile de imagens maravilhosas. Dividido em oito capítulos – oito sonhos diferentes que dialogam entre si – o filme traz a peculiaridade contemplativa do cinema do Japão, a música característica e os figurinos exóticos aos olhos do ocidente. Lidando com medos e vontades subconscientes, o filme traz desde um passeio por entre pinturas do holandês Vincent Van Gogh até o recorrente pesadelo nacional com a radiação nuclear. A beleza da natureza e o horror de sua destruição, bem como tradições milenares, são os elementos que arremessavam Akira Kurosawa a níveis cada vez mais altos de criatividade. Sonhos certamente encherá seus olhos. E não se surpreenda se também arrebatar sua mente e coração.

A terceira dica é um novo clássico. Cartas de Iwo Jima, de 2006, dirigido por Clint Eastwood e estrelando Ken Watanabe, o principal e mais premiado ator japonês das últimas décadas. O filme conta a história da Batalha de Okinawa em uma perspectiva japonesa, filmado no idioma japonês, e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme. É um contraponto ao filme lançado simultaneamente, também de Clint Eastwood, A Conquista da Honra, que conta a batalha em uma perspectiva dos EUA.

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Sinopse do AdoroCinema: Junho de 1944. Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), o tenente-general do exército imperial japonês, chega na ilha de Iwo Jima. Muito respeitado por ser um hábil estrategista, Kuribayashi estudara nos Estados Unidos, onde fizera grandes amigos e conhecia o exército ocidental e sua capacidade tecnológica. Por isso o Japão colocou em suas mãos o destino de Iwo Jima, considerada a última linha defesa do país. Ao contrário dos outros comandantes Kuribayashi moderniza o modo de agir, alterando a estratégia que era usada. Ele supervisiona a construção de uma fortaleza subterrânea, feita de túneis que davam para as suas tropas a estratégia ideal contra as forças americanas, que começam a desembarcar na ilha em 19 de fevereiro de 1945. Os japoneses sabiam que as chances de sair dali vivos eram mínimas. Enquanto isto acontece Kuribayashi e outros escrevem várias cartas, que dariam vozes e rostos para aqueles que ali estavam e o relato dos meses que antecederam a batalha e o combate propriamente dito, sobre a ótica dos japoneses.

A quarta dica estrela David Bowie. O drama Furyo, de 1983, dirigido por Nagisa Oshima, uma coprodução japonesa e britânica. Titulado originalmente Merry Christmas, Mr. Lawrence (Feliz Natal, Sr. Lawrence), ficou conhecido como Furyo, o termo japonês para prisioneiro de guerra. Baseado nas memórias de um oficial britânico que foi prisioneiro dos japoneses, relata algumas passagens cruéis.

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Sinopse do AdoroCinema: Em 1942 a tensão toma conta de um campo de concentração na ilha de Java. O prisioneiro inglês Jack Celliers (David Bowie) provoca um conflito quando decide não obedecer às rígidas regras do capitão Yonoi (Ryuichi Sakamoto). A insolência é repudiada com violência, mas esta não consegue acabar com o orgulho e a honra do oficial inglês, o que enfurece ainda mais o capitão. Parecendo ser o único a compreender o que se passa, o também prisioneiro John Lawrence (Tom Conti), que fala japonês, tenta acalmar os ânimos.

A quinta e última dica é um filme recente. Como muitas produções japonesas dos últimos anos, o filme Yamato, de 2005, busca resgatar o orgulho japonês. Isso causa certa polêmica, com algumas produções acusadas de revisionismo e até de relativizar as atrocidades japonesas na China. Não chega a ser o caso aqui, é uma bela produção que reconstruiu fielmente o encouraçado Yamato, o mais pesado navio de guerra já feito, em sua última batalha suicida.

Trailer em japonês (legendas disponíveis na internet)

Sinopse do Interfilmes: As reminiscências da guerra formam o carro-chefe desta produção japonesa. É a história de uma mulher, Makiko Uchida, que encontra num porto do sul do Japão um pescador, perguntando a este o ponto exato onde teria sido afundado o couraçado Yamato, no final da Segunda Guerra. A baixa fôra provocada em 7 de abril de 1945, pelas tropas americanas. Makiko é filha de um militar que morreu na batalha, e descobre que o pescador lutara junto com o pai dela.

bukA menção do post de hoje vai para o escritor e poeta Charles Bukowski. Hoje, dia 16 de agosto, ele faria noventa e cinco anos de idade; Bukowski morreu em 1994. Em homenagem, o filme Barfly, lançado no Brasil com o subtítulo Barfly – Condenados pelo vício. O filme é uma cinebiografia “disfarçada”, cujo roteiro foi escrito pelo próprio Bukowski. Produzido por Francis Ford Coppola e estrelado por Mickey Rourke, o filme tem uma aparição discreta do próprio biografado.

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