Mandela: Irreconhecível?

Você sabe do homem, de sua obra, de parte de sua luta, seu governo, sua imagem, de seu legado. Você reconhece Nelson Mandela.
Você lamentou a morte de um ícone do pacifismo e da reconciliação.
Sabe do louvor de um prêmio Nobel da Paz.
Admira um homem preso por vinte e sete anos que saiu da prisão disposto a perdoar seu agressor.
O primeiro negro que governou, após eleição democrática e representativa, um país cujo nível de opressão e racismo institucionalizado deixaria você chocado.
Contagiado pelo carisma de um líder sorridente, que combateu a pobreza, a injustiça e esteve ao lado do esporte e da tolerância.
Talvez abrisse uma exceção em seu discurso de “direitos humanos para humanos direitos” ao conhecer a obra de Mandela.
Talvez não insistisse que “bandido bom é bandido morto” ao ver a ficha criminal e o número de julgamentos aos quais Mandela foi submetido.
Talvez não o chamasse de antiamericano ao ler suas diversas críticas aos EUA e seu governo.
Mas, você procuraria entender alguém laureado e reconhecido pela União Soviética, por Fidel Castro e outros, ou o descartaria como “comunista” ou “esquerdopata”?
Votaria em alguém chamado de terrorista, pelo seu próprio governo e por outros de seus contemporâneos, como Margaret Thatcher?
Afirmaria que Mandela “perdeu a razão” ao advogar pela luta armada, se necessária fosse, ao ponto de recusar ser liberto da prisão já em 1985 por não aceitar a liberdade condicionada de que deveria apenas se ater ao pacifismo?
Compreenderia que a luta de Mandela contra a pobreza e o ódio nada tem a ver com a “meritocracia” ou com “aceitar a sua opinião”?
Você contrataria um negro que ficou preso por vinte e sete anos?
Você reconheceria Nelson Rolihlahla Mandela?
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Isso aí. ótimo texto.
Belo texto, grandes reflexões. Mostra, de maneira interessante e lúdica, que o contexto, a época e o local dos fatos fazem toda a diferença. Parabéns.
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