Sobre patrulha de qual tragédia você deve se importar

Mais uma conversa rápida e uma reflexão, dessa vez sobre Mariana, França, Líbano, Nigéria e as bandeiras nas redes sociais. Podemos cobrar? Existem diferentes razões para se solidarizar ou uma pessoa ficar mais atingida por um evento do que por outro?

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2 Comentários

  • Prezado Felipe,

    Embora eu não comente muito, sempre acompanho seu trabalho. Eu acho o seu tom conciliador muito pertinente para momentos tão à flor da pele como estes.

    Vou começar pelo fim. Acho que os vídeos curtos são super válidos, especialmente esses em que você acaba expondo mais a sua opinião. É interessante para o público saber explicitamente as premissas com que você trabalha. Creio que, por isso, todos ganham, já que você – em tese – deixa de ser cobrado pelo que você não se propõe a discutir e o espectador sabe o que esperar de você.

    No mais, embora eu ache pertinente suas observações, queria fazer alguns apontamentos sobre tua fala no vídeo. Eu também concordo com a besteira que é “hierarquizar” o sofrimento. E acho que os críticos da apologia ao sofrimento tem alguma razão, pois o ponto é que parecem (ou pelo menos recebem atenção e tratamento nesse sentido) que as vidas francesas parecem valer mais do que as de Mariana ou do Líbano.

    O equívoco da tua fala, na minha opinião, é tratar a empatia como algo dado. O exemplo em que você cita o exercício da praça de alimentação (empatia Paris ou Beirute, Damasco, etc) é verdadeiro e triste. Esse próprio fato deveria ser objeto de críticas e investigação (o “orientalismo” do Said me vem à cabeça). A empatia é construída, tal qual a subejtividade das pessoas (como você aliás reconhece no exemplo do seu amigo ao falar das viagens de avião). E o que – ao menos as pessoas sérias – eu vi na crítica à sensibilidade seletiva aos ataques de Paris foi isso. A questão é porque pessoas que não costumam se manifestar politicamente se sensibilizam apenas com Paris? Quais os mecanismos ideológicos de construção dessa percepção? Quais suas implicações políticas?

    Veja que a discussão se dá sobre a percepção das pessoas e não sobre o sofrimento das vítimas e seus familiares. Eu mesmo me senti tocado de uma maneira inédita (se comparado ao Charlie Hebdo, 11/9, etc.), por razões que não convém explicar. A sensibilização, contudo, não pode impedir a crítica de uma mídia, de uma opinião pública que hierarquiza, sim, vidas. Triste é o mundo no qual atentados no Orienta Médio são “comuns” e “previsíveis”. E é esse o mundo que deve ser problematizado, o que absolutamente não é patrulhar a solidariedade alheia.

    Não vou me estender mais. Continue o seu grande trabalho! Penso que a produção de conteúdo de qualidade é um passo fundamental para que as vidas deixem de, na prática, serem hierarquizadas.

    Grande abraço,

    Ricardo

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