Xadrez Dominical (6) – Cuba

Cuba. Ilha. Caribe. Rum. Charutos. Fidel Castro. Che Guevara. Revolução. Comunistas. Imperialismo. Comedores de criançinhas.

Todo mundo pensa nessas coisas quando pensa em Cuba. O que pouca gente sabe é que o movimento revolucionário que derrubou o ditador Fulgêncio Batista em 1959 tem suas origens em 1953. Precisamente, em 26 de Julho de 1953, no ataque aos quartéis de Moncada. O ataque fracassou, o movimento (incluindo ai Che Guevara, Fidel Castro e seu irmão Raul) foi para o México, onde se reorganizou, voltaram para Cuba em 1956, começaram uma guerrilha e, o resto, é História.

Em outras palavras, essa semana fez sessenta anos do Movimento 26 de Julho, nome oficial do grupo revolucionário, e essa data “redonda” é o motivo deste Xadrez Dominical, sobre Cuba.

Prioridades: vamos ao que interessa e algo que eu gosto demais. Rum!

Existem vários tipos de rum, que seguem características locais no Caribe, como o jamaicano (que é mais forte) e o rum de Martinica, que é mais encorpado, pois é feito do caldo da cana. Mas, vamos falar de rum cubano. Aí, se resumem aos dois tipos mais conhecidos: o rum cubano, que é claro e leve, e o rum dourado, que é o rum cubano envelhecido. O rum cubano é apropriado para tomar puro ou para fazer coquetéis. O rum dourado é para se beber puro, com gelo e/ou limão, no máximo. Não use rum dourado para fazer coquetéis; além de desperdício, é heresia.

Outra regra: se você tem mais de 19 anos, “rum” Montilla não é aceitável. Vai te dar uma dor de cabeça desgraçada, tem gosto de álcool de cozinha e a garrafa de pirata é ridícula em suas mãos; não custa ter classe na hora de ficar bêbado, já diria meu amigo Joãozinho. Mas, não estou aqui apenas para jogar regras. Considerando o rum cubano, temos duas marcas bem acessíveis no mercado nacional. Havana Club e Bacardi. Na verdade, de certo modo, são a mesma marca; Havana Club é parte estatal, fundada à partir da nacionalização das fábricas locais da Bacardi pós-revolução de 59. Se você quer um rum branco, vá de Havana Club Blanco; se quiser um rum dourado, vá de Bacardi Black (que vai bem num Cuba Libre, mesmo sendo dourado). São as melhores relações custo-benefício. O Bacardi branco é mais barato, mas inferior. Se quiser gastar um pouco mais, ou passar por um free shop, aí, vá sem medo de se arrepender: Bacardi 8 Anos. É uma garrafa baixa, gordinha, de espetacular conteúdo. Nessa categoria, também é fácil achar Don Q Grand Anejo, embora aí o custo seja maior ainda. E se você misturar um desses dois últimos com refrigerante ou qualquer porcaria, por favor, não acesse mais esse blog.

Sabe qual o coquetel mais famoso que envolve rum? Mojito. Sabe quem adorava um mojito? O escritor e bêbado Ernest Hemingway. Reza a lenda que ele escreveu O Velho e o Mar, um de seus livros mais célebres, em Cuba, entre um mojito e outro. Mas, e escritores cubanos? Aí só conheço dois. O primeiro se chama Alejo Carpentier; curiosamente, adoro um livro dele, mas não sabia nada sobre ele. Ao pesquisar para escrever esse post, descobri que foi indicado ao Nobel e ganhou o Prêmio Astúrias. O livro dele que gosto? Li quando adolescente, se chama A Guerra do Tempo. É um livro de contos de fantasia, bem surreais, com um tom até de ficção científica. Leia, não vai tomar muito de seu tempo. E, quando puder, lerei seus outros livros. O outro autor cubano que li se chama Reinaldo Arenas, anticomunista ferrenho. Seu principal livro, Antes que Anoiteça, é bem famoso. E bem chato. Sério. Li para a faculdade, e é daqueles livros que parece que nunca acaba de tão arrastado. Nesse sentido, recomendo o filme, do mesmo título, mas que é mais uma cinebiografia do autor, interpretado por Javier Bardem. Obviamente, temos a extensa bibliografia de autoria de Che Guevara (que era argentino, mas, convenhamos…), mas não li nada, logo, não posso recomendar.

Falando em Che Guevara e em cinebiografias, temos dois filmes recentes muito conhecidos. O primeiro é Diários de Motocicleta, de 2004, dirigido por Walter Salles e estrelando Gael García Bernal como Che Guevara (o filme está, legendado em portugues, no Youtube, em treze partes). O filme, baseado no livro de mesmo título do próprio Che, retrata as viagens, em 1952, do jovem Ernesto Guevara pela América Latina, quando ele forma parte de suas opiniões sobre o empobrecimento da população. É um ótimo filme, eu recomendo bastante; recebeu um Oscar de Melhor Canção Original, por Al otro lado del rio, uma música muito bonita (Jorge Drexler, autor e cantor da música, foi substituído por Antonio Banderas na performance da cerimônia; ao receber o prêmio, ele apenas cantou a música, sem agradecimentos, dando um tapa de luva na organização que cometeu tal grosseria).

O outro filme sobre Che leva seu nome, e é dividido em duas partes, somando mais de quatro horas de filme. Benicio Del Toro interpreta Che. Eu, sinceramente, acredito que o filme poderia ser cortado para uma só parte, menor. O formato em duas partes além de deixar alguns episódios um tanto arrastados, impede quaisquer clímax. De qualquer forma, é uma baita produção em termos de retratar a época.

Agora, filmes cubanos mesmo? Só assisti um, se chama Morango e Chocolate, e é uma comédia com toques de drama bem leve, para assistir sem muitas pretensões, mas também sem decepções.

Documentários? Bem, uma recomendação que é quase unânime para qualquer pessoa que tenha que responder essa pergunta: Buena Vista Social Club, de Win Wenders sobre a música cubana (o link abaixo está em baixa qualidade; recomendo assistir em alta, vale a pena. Alugue, baixe, enfim);

O título do filme vem do disco que reúne diversos músicos cubanos, tocando os diversos ritmos da ilha, muito profícua em termos musicais, devido à mistura de ritmos africanos, hispânicos e americanos.

Tem mais dicas? Gostou, não gostou? Pode comentar!

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