A Iugoslávia na União Europeia – Parte 1

Caros leitores, escrevi um texto grande, bem grande, sobre esse tema. Como não sei se ficaria apropriado para o blog, e há uma preferência por textos menores, decidi cortar o texto em três (talvez quatro) partes. Espero que gostem, tanto do texto, quanto do arranjo.

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Hoje, primeiro de Julho de 2013, é a data oficial do ingresso da Croácia na União Europeia. O processo de inclusão do país na UE começou em 2004, e a Croácia tornou-se o segundo país da antiga Iugoslávia na União Europeia. Considerando que Macedônia, Montenegro e Sérvia são postulantes oficiais à entrada na União Europeia e a Comissão Europeia já fez declarações considerando também o ingresso da Bósnia-Herzegovina, não seria irreal imaginar uma reintegração geográfica e econômica da Iugoslávia, embora uma reintegração política seja quase impossível, além de desnecessária.

Como citado, o ingresso da Croácia foi negociado por quase dez anos. Muito do processo longo de adesão refere-se aos aspectos econômicos da integração, a crise financeira de 2008 e um referendo local. Mas, um detalhe particular ao caso croata também colaborou, e muito, para essa complexidade. A Croácia tem disputas fronteiriças com basicamente todos os países à sua volta. Um deles é a Eslovênia, outro país que fazia parte da Iugoslávia e é parte da União Europeia desde 2004. O governo esloveno insistia que a questão fronteiriça fosse resolvida antes da entrada da Croácia na EU, até que ambos os países aceitaram uma arbitragem internacional em 2009.

Esse acontecimento implica que futuras admissões à União Europeia também terão que resolver suas divergências fronteiriças durante o processo de negociação e aceitação. Ou seja, Sérvia, Montenegro e Bósnia teriam que resolver suas pendências fronteiriças entre si, e em relação tanto à Croácia quanto à Eslovênia. Seria um processo complicado, envolvendo não apenas aspectos jurídicos, como arbitragem e mediação, mas também aspectos nacionalistas, de ressentimentos ainda não digeridos, resultado de uma década de guerras e crimes, de todos os lados.

Em azul escuro, países que fazem parte da UE. Em azul claro, candidatos. Em verde, pretendentes. Em amarelo, possíveis candidatos.

Em azul escuro, países que fazem parte da UE. Em azul claro, candidatos. Em verde, pretendentes. Em amarelo, possíveis candidatos.

Nesse caldeirão étnico, nacionalista e religioso, existe um elemento extremamente explosivo. Kosovo. A, de jure, província sérvia e, de facto, país independente.  A soberania de Kosovo tem um reconhecimento internacional mínimo, e a Sérvia não abriria mão, legalmente, de uma região que é considerada o berço histórico da Sérvia moderna. O fato da maioria da população kosovar ser de procedência albanesa torna o tema ainda mais complexo, já que a Albânia é também candidata ao ingresso na União Europeia (embora esteja um passo atrás no processo). Talvez a União Europeia seja a melhor maneira de desfazer esse nó e resolver essas pendências nacionais. Talvez esse processo se torne uma crise, em meio à onda de nacionalismo radical que ganha força pela Europa. É complicado prever, mas para analisar os cenários possíveis, terei que agregar mais informações. Num texto vindouro.

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assinaturaFilipe Figueiredo é tradutor, estudante, leciona e (ir)responsável pelo Xadrez Verbal. Graduado em História pela Universidade de São Paulo, sem a pretensão de se rotular como historiador. Interessado em política, atualidades, esportes, comida, música e Batman.

 

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