Xadrez Verbal no Anticast – O Xadrez e a Guerra Fria

Caros leitores do Xadrez Verbal, divulgo aqui mais uma participação minha no Anticast, do caro Ivan Mizanzuk. O tema foi o xadrez, o jogo dos reis. Um pouco da História do jogo, sua prática no Ocidente, seus simbolismos e, principalmente, seu papel na Guerra Fria. Uma alegoria do confronto entre EUA e União Soviética, que culminou na final do Mundial de 1972, entre Bobby Fischer e Boris Spassky.
Agradeço ao Ivan pelo convite e pelo trabalho, e também ao Heitor Carvalho, da Central do Xadrez.
Você pode acessar o Anticast 221 aqui.
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Curto muito o xadrez verbal e suas participações no Nerdcast, mas esse Ivan Mizanzuk… “Baixo” é uma descrição cirúrgica do mesmo. Bom, espero que continue fazendo seu trabalho tão bem, abraço, Daniel.
Sou muito seu fã, Filipe, e ouvinte assíduo do Xadrez Verbal (toda sexta-feira já é um hábito sagrado ouvir o podcast) mas não concordei com algumas ações empregadas pelo Ivan no ano passado e parei de ouvir o Anticast desde então. No mais, gostei muito da sua participação no Scicast sobre os refugiados sírios. Não conhecia muito o desfecho do Império Otomano pós-Primeira Guerra, seu declínio nas regiões árabes e sua participação trouxe-me uma luz sobre o tema. Continuem com o trabalho fenomenal de sempre. Abraço, Julio.
Acompanho vocês aproximadamente ha um ano, não lembro se conheci através de uma citação no nerdcast ou no canal do Pirula. Depois da “maratona” tornou-se meu cast preferido. Exerceu grande influência na minha decisão de escolher história como curso, agora que voltarei a estudar depois de velho…Falei demais, porém só passei para agradecer…Obrigado !
O efeito da guerra fria pra alguém próximo aqui onde trabalho – o professor Santareno, contou no Painel RPC TV, do Paraná, como conseguiu sobreviver à Guerra Fria em Angola e recomeçou a vida em Curitiba.
“Nasci em Angola. Vivia da caça, da pesca e da agricultura. Na aldeia onde nasci, as pessoas têm nomes de animais. Meu nome é candango, que é um rato de estimação.
Meu sonho de criança era ser feliz, eu era feliz, não me lembro de alguma infelicidade. Lembro dos meus pais felizes e a nossa alegria era ir para a lavoura ou então sair para caçar. Também nadávamos com os amigos no rio perto da aldeia.
Saí da aldeia com o desejo de estudar na cidade. A professora Madalena me incentivou e me deu um livro. Ela dizia que ‘na cidade eu ia conhecer mais livros, conhecer pessoas, ver coisas diferentes. E que o mundo é maior que você pensa’. Então, quanto mais eu lia, mais eu acreditava que era verdade o que ela me falava e comecei a ler sobre Angola, a Europa, tudo.
Quando estava na aldeia, eu nunca tinha ouvido falar de guerra. Mas quando cheguei à cidade vi que estavam em guerra. Era uma guerra civil, que era resultado da Guerra Fria: de um lado soldados da União Soviética e cubanos e do outro, os guerrilheiros apoiados pelo regime do apartheid da África do Sul e dos Estados Unidos.
As pessoas tinham que se alistar no exército de Angola e foi assim que aconteceu comigo: fui retirado de casa para me alistar no exército. Eu tinha sonhos, mas quando isso aconteceu, parece que perdi tudo. Éramos 3 mil pessoas treinadas no exército e na volta éramos apenas duas pessoas.
O ser humano tem muita capacidade para fazer o mal. Porque quando ele chega ao seu limite ele pode ser virtuoso ou a personificação do mal. O ser humano por natureza é egoísta. O mal não está fora de nós, o mal é resultado das nossas escolhas. Eu saí do exército porque acionei uma mina. Eu era inválido, andava de muletas. Tinha dificuldade de ficar sozinho, comer carne, até hoje me vem a lembrança quando vejo carne mal passada.
Eu vim para o Brasil porque encontrei o endereço de uma escola na lata de um lixo. Por curiosidade novamente, peguei o livro e levei para uns amigos lerem. Vim para o interior do Paraná com 23 anos de idade. Terminei o Ensino Médio e fiz faculdade de Teologia. Para me manter aqui no Brasil, recebi apoio de algumas igrejas. Tive hipoglicemia e fui parar no hospital. Não é que as pessoas não me dessem dinheiro, elas davam, mas eu comprava livros. Eu não queria comer, queria ler livros. Achava que livro era mais importante do que comer.
A minha vocação é a gratidão pela vida e também ajudar o próximo. Hoje sou professor de Filosofia e Teologia. Eu estou em busca de mim mesmo – daquele que foi achado por Deus”.
Santareno é professor de Formação Humana e coordenador no Centro de Estudos e Pesquisas (CEP) do Bom Jesus.