Arafat, o mártir?

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Caros leitores,

Na tarde de hoje (por isso o atraso no texto) a comissão palestina que investiga a morte de Yasser Arafat recebeu os resultados dos testes feitos por um laboratório suíço nos restos mortais do líder da Autoridade Palestina, que morreu em 2004, em um hospital na França. Tawfik Tirawi disse que o relatório foi recebido terça-feira em Genebra e que os resultados serão estudados antes de serem tornados públicos.

Yasser Arafat Foto: Reuters

Yasser Arafat
Foto: Reuters

No ano passado, um laboratório suíço descobriu vestígios de polônio-210, um isótopo radioativo mortal, em roupas fornecidas pela viúva de Arafat. Mais amostras foram posteriormente retiradas de seus restos mortais na Cisjordânia, com a autorização da viúva de Arafat, Suha Arafat, que, em algumas declarações emocionadas, afirmou que o envenenamento foi “o crime do século” e que ela e sua filha “não irão parar sua busca” para saber quem foi culpado.

A mesma matéria citada no parágrafo anterior cita David Barclay, cientista forense inglês, que afirma que o relatório é uma “arma fumegante”, que uma dose fatal foi ministrada em Arafat e que falta apenas descobrir quem foi o responsável. Yigal Palmor, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense, negou qualquer envolvimento do Estado de Israel em um possível assassinato de Arafat. Além de tudo isso, existe uma investigação formal na França sobre um possível assassinato de Arafat, e especialistas russos excluíram a possibilidade de assassinato.

Um balanço resumido do que temos até então: um relatório forense suiço que aponta envenenamento, um relatório forense russo que exclui o envenenamento, uma viúva enlutada, um porta-voz do principal suspeito (os outros seriam os EUA e o Hamas, que é uma dissidência radical do movimento de Arafat) negando qualquer envolvimento, duas investigações por assassinato, uma palestina e outra francesa. Nem Agatha Christie conseguiria escrever um romance desses.

Mas e o principal elemento: a Palestina? Quando ela tem um líder moderado, que busca o diálogo, como Abbas, a exposição de uma acusação como essa pode ameaçar o processo de paz e de constituição de um Estado soberano palestino? Pode fortalecer os radicais, como o Hamas? Em minha opinião, a mera acusação, não. A imagem de Arafat não tem o mesmo apelo com a juventude palestina; para alguns dos mais radicais, inclusive, ele era alguém que fez concessões, não um lutador. Mas, caso seja comprovado o envolvimento de Israel, que, na época, era governado por Ariel Sharon, uma figura no mínimo controversa, Arafat pode ir de símbolo de diálogo para mártir que legitima uma reação violenta e vingativa por parte da Palestina. Vingança que talvez nem ele aprovasse.

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Falei de Arafat e o processo de paz neste post sobre o aniversário do Acordo de Oslo. Abbas na Assembleia Geral da ONU foi tema deste post e, caso queira ler o que o blog já falou sobre Israel, veja aqui.

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